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segunda-feira, 7 de setembro de 2009
Fatos espíritas, mediunidade e espiritismo
Os fatos espíritas e a mediunidade não são exclusividade do Espiritismo...
As antecipações religiosas e filosóficas do Espiritismo se estendem ao longo de todo o passado humano. Kardec referiu-se a Sócrates e Platão como a uma poderosa fonte histórica, de que podia servir-se para reforçar a sua afirmação de que o Espiritismo provém da mais remota antiguidade. De outras vezes, porém, como vemos no Livro dos Espíritos, em artigos publicados na Revista Espírita, e em vários trechos de outros livros da codificação, Kardec lembra as ligações do Espiritismo com os mistérios mitológicos dos gregos, as religiões do Egito e da índia, e particularmente com o Druidismo celta, nas Gálias. Por toda parte, em todas as épocas, como acentua o codificador, “encontramos as marcas do Espiritismo”.
Segundo a denominação de Allan Kardec, “fatos espíritas” são todos os fenômenos causados pela intervenção de inteligências desencarnadas, ou seja, por espíritos. Kardec já havia esclarecido que os fatos espíritas são de todos os tempos, uma vez que a mediunidade é uma condição natural da espécie humana. Somente com o Espiritismo a mediunidade se define como uma condição natural da espécie humana, recebe a designação precisa de mediunidade e passa a ser tratada de maneira racional e científica.
Convém deixar bem clara a distinção entre fatos espíritas e doutrina espírita, para compreendermos o que Kardec dizia, ao afirmar que o Espiritismo está presente em todas as fases da história humana. Os fatos espíritas — assim chamados os fenômenos ou as manifestações mediúnicas — são de todos os tempos. As práticas mágicas ou religiosas, baseadas nessas manifestações, constituem o Mediunismo, pois são práticas mediúnicas. A doutrina espírita é uma interpretação racional das manifestações mediúnicas. Doutrina ao mesmo tempo científica, filosófica e religiosa, pois nenhum desses aspectos pode ser esquecido quando tratamos de fenômenos que se relacionam com a vida do homem na terra e sua sobrevivência após a morte, sua vida e seu destino espiritual.
É enorme a confusão feita pelos sociólogos neste assunto, seguindo de maneira desprevenida a confusão proposital feita pelos adversários do Espiritismo. Os estudos sociológicos do mediunismo referem-se sempre ao espiritismo. Entretanto, a palavra Espiritismo, criada por Allan Kardec, em 1857, e por ele bem explicada na introdução de O Livro dos Espíritos, designa uma doutrina por ele elaborada, com base na análise dos fenômenos mediúnicos e graças aos esclarecimentos que os Espíritos lhe forneceram, a respeito dos problemas da vida e da morte. As práticas do chamado “sincretismo religioso afro-brasileiro”, por exemplo, não são espíritas. O sincretismo religioso é um fenômeno sociológico natural. O Espiritismo é uma doutrina.
Defrontamo-nos, neste ponto, com uma complexidade que também tem dado margem a confusões. Os fatos mediúnicos são fatos espíritas, assim chamados pelo próprio Kardec, mas não são Espiritismo. Porque o Espiritismo se serve dos fatos mediúnicos como de uma matéria-prima, para a elaboração de seus princípios, ou como de uma força natural, que aproveita de maneira racional. Exatamente como a hidráulica se serve das quedas d'água ou do curso dos rios para a produção de energia.
Lembremos ainda, para evitar confusões, que os Espíritos não falavam a Kardec por meio de visões ou de outras formas místicas de revelação. Quando dizemos que os Espíritos Superiores ajudaram Kardec a elaborar O Livro dos Espíritos, os chamados “homens cultos” costumam torcer o nariz, lembrando que também a Bíblia, os Evangelhos e o Alcorão foram ditados por Deus ou por Espíritos. Acontece, porém, que as antigas escrituras pertencem às fases do mediunismo empírico, enquanto a codificação espírita pertence à fase da mediunidade positiva. Os Espíritos Superiores (superiores em conhecimento e refinamento espiritual, precisamente como os homens superiores), conversavam com Kardec e o auxiliavam através da prática mediúnica. Quer dizer: através de comunicações mediúnicas sujeitas a controle, e não de revelações místicas, aceitas de maneira emotiva.
Por outro lado, quando acentuamos a natureza racional do Espiritismo, não negamos o valor do sentimento. O velho debate filosófico entre razão e sentimento, traduzido no plano religioso pelo dualismo de razão e fé, encontra no Espiritismo a sua solução natural, pelo equilíbrio de ambos, na fórmula clássica de Kardec: “a fé raciocinada”. O Espiritismo representa o momento em que o Espiritualismo, superando as fases mágicas do seu desenvolvimento, atinge o plano da razão, define-se num esquema cartesiano de “idéias claras e distintas”.
Edição de textos do livro “O Espírito e o Tempo” - Herculano Pires
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“Se consultamos as obras dos mais eminentes antropólogos e sociólogos, notamos que todos concordam em reconhecer que a crença na sobrevivência do espírito humano se mostra universal.” Ernesto Bozzano
“Tenho ainda muito que vos dizer, mas vós não o podeis suportar agora.” Jesus - João 16: 12.
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Para saber mais, leia “Fatos Espíritas”, por William Crookes.
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