No livro Loucura sob novo prisma, quando o Dr. Bezerra de Menezes foi solicitado a acompanhar o caso de Carlos, um jovem de vinte anos que há oito padecia de esquizofrenia do tipo catatônica, o médico deu o diagnóstico como correto, mas questionou o prognóstico. Além da realidade cerebral, a realidade espiritual de Carlos mostrava agravante quadro obsessivo, complicador de seu resgate expiatório. Ao tratar da terapia espírita para a loucura, o sábio Bezerra de Menezes propõe:
- fluidoterapia intensiva;
- terapia ocupacional, voltada para o próximo, em atividades de benemerência, que visam despertar o ser eterno e fazê-lo granjear méritos que aliviarão suas dívidas a serem resgatadas;
- desobsessão, que visa moralizar o Espírito obsessor, não pela repressão, mas pelo convite ao perdão como instrumento da própria liberação;
- moralização do paciente, que tem por objetivo despertá-lo para os erros cometidos e para a necessidade de renovar-se pela prática do bem.
Espírito habitando um corpo
A diferença fundamental entre a terapia que vamos chamar de “tradicional” e a “espírita” está na visão que cada um tem do problema. Enquanto a primeira enxerga um corpo comandado por um cérebro, ambos físicos, o espiritismo vê claramente dois elementos distintos, porém interligados: um corpo e um espírito. Tudo o que não tem causa puramente material, só pode encontrar resposta completa quando analisado em conjunto com o espiritual. A própria ciência evidencia isso ao se deparar com a questão de doença genética ou hereditária. Ou seja, a propensão genética não determina o aparecimento da esquizofrenia, porque existe algo mais a interferir no processo – o espírito. Isso já está provado em diversas outras moléstias, onde pessoas saudáveis têm os genes que provocam determinada patologia, mas nunca as desenvolvem.
Uma recente dissertação de mestrado na USP, realizada pelo Dr. Frederico Leão (2004) com pacientes internados nas Casas André Luiz, investigou o uso de práticas espirituais como terapêutica complementar ao tratamento convencional. Os resultados indicaram que um tratamento espiritual realizado por médiuns espíritas se associou a uma melhora clínica estatisticamente significativa, segundo padrões aceitos pela ciência. É a espiritualidade saindo do campo do fantasioso – como alguns ainda insistem em deixá-la – e se associando ao campo científico, para proporcionar ao espírito encarnado condições melhores de cumprir essa etapa de seu desenvolvimento, de modo mais proveitoso.
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