Além dos transtornos inerentes a desarmonia de consciência, haverá outras afetações por influências de fatores externos, por exemplo: a possibilidade do indivíduo passar a ser obsidiado por sua vítima?
Sim, isso é possível e por este motivo é aconselhável que se dê amparo espiritual à pessoa que cometeu o delito, inclusive para que ela tenha a consciência da necessidade em mudar de atitudes. Assim poderá dificultar a ação do inimigo invisível, se porventura sua vítima resolver vingar-se. Jesus, em sua sabedoria, instava o homem a "reconciliar-se sem demora com o inimigo, enquanto com ele a caminho", entendendo todas as conseqüências do ódio e da mágoa de um indivíduo a outro, tanto no campo da matéria, quanto no mundo espiritual.
O que uma pessoa que matou a outra pode fazer para diminuir a aflição de sua consciência em virtude dessa atitude, absolutamente grave, porém inexorável quanto a possibilidade de receber reparação direta, pois não há mais vida?
A aflição da consciência pelo ato já dá mostras de que o ser entrou no processo de arrependimento, imprescindível para o restabelecimento do equilíbrio da alma do devedor. No mais, é trabalhar pela sua melhoria moral, única maneira de enfrentar as adversidades da qual foi artífice por conta da ignorância das Leis Divinas. Não há outro caminho. E para isso necessita da ação moralizadora do Evangelho de Jesus e o amparo caridoso dos entes queridos.
São válidas as iniciativas, daqueles que tem responsabilidade pela morte física de uma outra pessa, dedicar orações à sua vítima e ao exercício de reparações, trabalhando para que outras pessoas não tenham o curso de suas vidas interrompidas por monstruosidades semelhantes as por ele práticas?
Todas as iniciativas para minimizar erros e amparar os que sofredores são muito válidas. Nesse campo, as preces feitas com sinceridade de coração são verdadeiros bálsamos a amparar a alma do desencarnado. Quanto ao mais, todas as atitudes no campo do Bem e principalmente naquele em que se cometeu o delito, são extremamente válida, para minimizarem efeitos, tendo em vida o futuro do Espírito imortal.
O que os familiares podem fazer para ajudar a um filho que tem uma responsabilidade tão grave e hedionda, por haver transgredido as Leis Divinas tirando a vida de uma pessoa?
Sobretudo amar com benevolência e caridade, lembrando sempre que talvez muitos dos que o estão amparando já palmilharam esses dolorosos caminhos da ignorância. Em todas as situações de erros graves dessa natureza, os pais deverão assistir sem reservas, estimulando sempre as mudanças internas do filho amado, não se deixando dominar pelo desânimo e descrédito nas melhorias espirituais daquela alma difícil. Em tudo a Sabedoria Divina está presente e coloca-nos sempre onde é preciso estar.
O Aborto é crime perante Deus?
Toda ação que contrarie as leis naturais de Deus são consideradas infrações. Neste caso o erro consiste em interromper o reencarne de um Espírito, tirando-lhe, portanto, a oportunidade de crescimento. Segundo o Espírito de Verdade, somente é permitido o aborto em caso de risco de vida para a mãe. As histórias existentes de que os abortados transformam-se em tenazes obsessores de quem o abortou deve ser observada com desconfiança, pois não é isso o que nos instrui o Livro dos Espíritos. O exagero com que certos livros e mensagens encaram o problema, tratando quem pratica o aborto como assassinos, traz graves conseqüências para essas criaturas que se vêem atormentadas com a possibilidade de sofrerem penas cruéis nesta ou em outras vidas. Não há erros irreparáveis. O aborto é falta grave como qualquer uma outra que desrespeite a lei do amor ao seu semelhante. Sua gravidade será diretamente proporcional ao grau de instrução espiritual dos envolvidos e das circunstâncias que cercaram o fato.
O que acontecerá a uma mulher que provocou o aborto? E os médicos que fizeram o aborto?
Como praticou um ato contrário às leis de Deus, ela irá sofrer em sua consciência a dor moral pelo ato praticado. Como qualquer erro grave cometido pelo Espírito, submeter-se-á a expiações necessárias ao seu reajuste diante da vida imortal. O que acontecerá com ela vai depender de suas necessidades evolutivas e da misericórdia do Alto. Tanto quem se submete ao ato, como o médico que o pratica estão igualmente implicados na infração e não se pode esquecer que a responsabilidade de quem sabe é sempre muito maior, pois, "a quem muito foi dado, muito será pedido".
Interromper uma gestação, quando sabe-se que a criança nascerá sem cérebro, é pecado?
Pecado, significa o ato de transgredir as leis naturais. A interrupção de uma gestação é transgressão à Lei de Deus, em qualquer situação, salvo em casos de risco de vida da mãe. No caso de fetos malformados, não se pode avaliar espiritualmente qual a necessidade que tem as pessoas envolvidas de passarem por esta prova. Certamente que tudo tem um fim útil e os mecanismos da vida são ainda muito desconhecidos para nós, Espíritos que habitamos planetas de provas e expiações. Os meios de reajuste do Espírito é determinado pela lei de causa e efeito, sendo portanto, certas situações justas e necessárias ao reequilíbrio do ser, mesmo que nos pareça incompreensível.
Por que o Espiritismo aceita que se interrompa a gravidez se essa oferecer risco de vida à genitora? A vida desta teria mais valor que a do feto?
Não se trata de valor ou não, mas de coerência. Nos casos em que a vida da mãe está em perigo e se tiver que fazer uma escolha é mais racional sacrificar a vida do ser que ainda não nasceu e pode ter outra oportunidade do que aquele que já está em sua experiência de vida terrena, com responsabilidades assumidas. Em tudo deve prevalecer o bom senso.
O que o Grupo Espírita "Bezerra de Menezes" acha da atual legislação, no que diz respeito à este tema (aborto)?
O Grupo Espírita Bezerra de Menezes é contra o aborto em qualquer circunstância, exceto para os casos que a gestação coloque em risco a vida da mãe. Porém, não trata o aborto como um crime hediondo, nem assassinato, como fazem alguns autores de livros espíritas. Acredita que a gravidade de cada caso será de acordo com as circunstâncias que os envolveram. Uma jovem, por exemplo, poderá se submeter a um aborto pela pressão de familiares incompreensivos, de um namorado ou noivo ignorante. Há casos em que maridos obrigam esposas a cometê-los. Claro, ambos serão responsabilizados pelo ato insano, porém, Deus os julgará conforme a intenção íntima de cada um. A gravidade da responsabilidade pela realização do aborto é diretamente proporcional ao esclarecimento que os envolvidos possuírem a respeito das Leis de Deus, segundo nos ensina o Espiritismo.
É fato noticiado pelos jornais a gravidez de uma garota de 10 anos violentada pelo vizinho. Seria acertada a opção do aborto no caso em questão?
O caso em questão é um tanto dramático e envolve fatores referentes à situação moral da sociedade e necessidade de alguns Espíritos sofrerem resgates de situações delituosas ocorridas no passado. O Espiritismo elucida até essas graves questões morais, fazendo ver em tudo o cumprimento da Lei de Deus e de sua justiça. Claro que ninguém veio à Terra para ser estuprado, mas as contingências da vida e sua necessidade evolutiva, às vezes levam o indivíduo a viver situações difíceis, que levarão à redenção de seu Espírito, embora pareça ao homem algo incompreensível, por causa da sua estreita visão da vida. O aborto só é justificado quando a gravidez põe em risco a vida da mãe, o que não é este caso, segundo consulta feita a profissionais da área. Entretanto, se os pais da gestante optaram por essa alternativa por julgarem estar evitando o que acham um mal maior, estão exercendo o seu livre arbítrio, e mesmo que o caso tenha atenuantes, devido a ignorância dos envolvidos no que diz respeito às leis naturais, cada um receberá segundo suas responsabilidades na decisão de realizar o ato. Quanto maior o esclarecimento, maior a cobrança. O que leva a concluir que a pobre criança/gestante, na verdade, terá menor responsabilidade.
Um ser humano clonado teria Espírito?
Todo ser vivo é portador do princípio espiritual e o homem, que é a mais alta expressão da Divindade, é Espírito imortal criado por Ele para manifestar Seu poder no Universo. Portanto, se um dia for dado ao homem clonar homens (coisa pouco provável), é claro o clonado teria Espírito. Entretanto seriam individualidades diferentes.
Seria pecado o homem praticar a bissexualidade se lhe dá prazer e não lhe prejudica o corpo, e lhe supre a carência?
A pergunta é um tanto complexa para se dar uma resposta objetiva, pois diz respeito a um problema que envolve uma série de questões. Mas, diremos que se olharmos apenas sob o ponto de vista da vida presente, talvez não tivesse nenhuma conseqüência, a não ser os riscos de contaminação, caso não tenha cuidado com parcerias (risco de doenças sexualmente transmissíveis).
Entretanto, somos seres espirituais também. Temos uma vida futura e uma grande responsabilidade quando encarnamos. Existem as leis divinas (naturais) que são inexoráveis, quer acreditemos ou não. E nelas está a lei e causa e efeito. Num relacionamento bissexual não há compromissos com nada a não ser com os prazeres. E não viemos ao mundo para viver apenas os prazeres, mas para buscar o equilíbrio entre corpo e alma. Procuremos meditar sobre nossas vidas e encontraremos as respostas dentro de nós mesmos. Todas as carências são doenças da alma e se buscarmos resolvê-las com as coisas materiais ou com os prazeres da carne, poderemos entrar em um caminho de grandes insatisfações pessoais. O pecado está em se praticar o erro, quando já se tem condições de discernir a verdade do engano. Estamos em época de luzes, de conhecimento. Não se pode mais pretextar ignorância das coisas do Espírito imortal.
Não é um aborto a rejeição dos embriões congelados pela família? A destruição deles também não constitui um aborto?
Não, isso não constitui aborto, a não ser quando é realizado depois da implantação no útero, como vem fazendo a medicina moderna. O embrião congelado é apenas um corpo, sem Espírito ainda.
De quem é a responsabilidade "espiritual" (perante Deus) desses tipos de procedimentos que permitem descartar embriões como se fossem um lixo qualquer? E mais, como ficam esses Espíritos que não chegam a reencarnar?
Como dissemos, esses embriões ainda não estão destinados a um Espírito e só o serão quando vão ser submetidos ao implante no útero da mãe. A lei de Deus é justa e jamais poderia confinar um Espírito em um embrião congelado esperando a implantação. De todo modo, esses procedimentos são resultados do avanço do homem e quando são feitos sem a ética cristã certamente têm conseqüências desagradáveis para a humanidade. Mas o homem avança só até onde Deus permite.
Qual deve ser nossa atitude diante de trabalhadores e dirigentes que fumam ou bebem?
Eis aí uma delicada questão. No Movimento Espírita, em todos estes anos, se folgou tanto com o mal, que até um ditado hipócrita foi criado. Dizem que é melhor a pessoa fumar ou beber sendo espírita do que não sê-lo. Os espíritas de fachada se escondem atrás deste tipo de filosofia de botequim para justificar seus vícios. Se for admitida uma mentalidade desta natureza, porque não se aceita também o adultério, a separação entre casais, a desonestidade, assassínio etc? E, por conseqüência, a religião de aparências. Todos somos portadores de vícios e imperfeições morais. Nos diálogos que desenvolvemos na intimidade do centro, este assunto deve ser discutido de forma sincera entre os trabalhadores. Para quem é espírita, vencer o hábito de fumar ou o costume de beber é um coisa relativamente fácil. Quem não tiver força moral para vencer isso, deve abster-se do posto diretivo no núcleo de trabalhos e afastar-se das relações com o invisível. Se não se pode com um cigarro, que se fará com a agressão de um Espírito mau?
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