O nosso estado psíquico é obra nossa. O grau de percepção, de compreensão, que possuímos, é o fruto de nossos esforços prolongados. Fomos nós que o fizemos ao percorrer o ciclo imenso de sucessivas existências. O nosso invólucro fluídico, sutil ou grosseiro, radiante ou obscuro, representa o nosso valor exato e a soma de nossas aquisições. O nossos atos e pensamentos pertinazes, a tensão de nossa vontade em determinado sentido, todas as volições do nosso ser mental, repercutem no perispírito e, conforme a sua natureza, inferior ou elevada, generosa ou vil, assim dilatam, purificam ou tornam grosseira a sua substância. Daí resulta que, pela constante orientação de nossas idéias e aspirações, de nossos apetites e procedimentos em um sentido ou noutro, pouco a pouco fabricamos um envoltório sutil, recamado de belas e nobres imagens, acessível às mais delicadas sensações, ou um sombrio domicílio, uma lôbrega prisão, em que, depois da morte, a alma restringida em suas percepções, se encontra sepultada como num túmulo. Assim cria o homem para si mesmo o bem ou o mal, a alegria ou o sofrimento. Dia a dia, lentamente, edifica ele seu destino. Em si mesmo está gravada a sua obra, visível para todos no Além. É por esse admirável mecanismo das coisas, simples e grandioso ao mesmo tempo, que se executa, nos seres e no mundo, a lei de causalidade ou de consequência dos atos, que outra não é senão o cumprimento da justiça.
No invisível (Léon Denis)
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quarta-feira, 13 de fevereiro de 2008
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