É comum ao lermos a Bíblia lamentarmos a situação de algumas pessoas, como as mulheres, nas sociedades antigas. Hoje falaremos um pouco sobre a situação da mulher no mundo contemporâneo. As mulheres a cada dia conquistam um pouco mais de espaço em diferentes sociedades. Tornam-se grandes empresárias, pastoras, dirigentes de casas espíritas... Realmente a situação do espírito que se encarna em um corpo feminino tem melhorado. Porém não devemos tapar nossos olhos diante dessas melhorias. Precisamos perceber que ainda a muito a se fazer durante nossa caminhada terrena quando se trata de aprender a respeitar o outro, seja esse de que sexo for.
Como nos diz as obras básicas, os espíritos não possuem sexo. Entretanto o sexo feminino e o masculino, nos mundos materiais é muito importante, pois essa distinção nos possibilita vivenciar situações em diferentes perspectivas que nos proporcionam um crescimento e uma compreensão muito mais ampla. Segundo O Livro dos Espíritos “os espíritos se encarnam homens ou mulheres porque eles não têm sexos. Como devem progredir em tudo, cada sexo, como cada posição social, lhes oferece provas e deveres especiais, além da oportunidade de adquirir experiência. Aquele que fosse sempre homem não saberia senão o que sabem os homens” (Pergunta 202).
Reflitamos um pouco acerca das experiências que cada sexo tem a oportunidade de experimentar no mundo material. Muitos homens, mesmo após tantas mudanças sociais ainda se julgam no direito de mandar, controlar e subjugar a mulher que se torna sua companheira. Infelizmente essa ainda é uma permanência das sociedades antigas, para vermos isso basta apenas observar os tiranos domésticos sobre os quais o evangelho nos fala. E em casos mais específicos, podemos nos lembrar as mulheres afegãs, que se vêem proibidas de sair nas ruas sem alguma presença masculina, e que muitas vezes, não podem nem mesmo mostrar o rosto tendo que usar a burqa, para cobrir todo o corpo. Essa situação é atual.
Pensemos agora na situação das mulheres nas sociedades ocidentais. Mesmo aquelas que conquistaram um lugar relevante na sociedade, no mercado de trabalho sofrem devido ao preconceito que lhes é dirigido, pois se tornou comum olhar para as mulheres que crescem no mercado de trabalho como seres não dotados de sentimentos que alcançaram aquela posição, por agirem de forma pouca emotiva ou sensível. Infelizmente algumas mulheres acabam assumindo e tentam vivenciar um papel que não condiz que sua condição. A mulher se tornou vitima do século, com a corrupção dos costumes. “O movimento feminista desconhece o verdadeiro papel da mulher e tende a transvia-la do destino que lhe está natural e normalmente traçado. O homem e a mulher nasceram para funções diferentes mas complementares. No ponto de vista da ação social são equivalentes e inseparáveis” (Denis. No invisível, p.78).
Temos andado pelo caminho errado. Ao encarnarmos em um corpo feminino a sensibilidade que caracteriza a mulher, que também pode ser observada nos homens deve ser cultivada, e não sufocada. É por isso que como espíritos reencarnamos em corpos femininos e masculinos, para apreender o que há de melhor em cada um deles. A sensibilidade, a força, a coragem, a perseverança, a fé, a confiança, são algumas dessas virtudes, encontradas nos diferentes sexos, que devemos buscar cultivar e desenvolver em nós. Mesmo que estejamos vivendo em uma sociedade onde a concorrência se mostra cada vez mais acirrada, onde a demonstração de sentimento e afeto tem se tornado motivo de vergonha, é preciso que tenhamos consciência de que nosso crescimento espiritual, nossa evolução, é o que há de verdadeiro e imortal em nós, portanto nada é mais importante que o aprendizado e crescimento constantes.
Segundo Léon Denis a mulher é a mediadora, a fonte de vida, a regeneradora da humanidade, que é renovada por seu amor e por seus ternos cuidados. O catolicismo não soube compreender a função especial da mulher julgando a causa do pecado original, porém os antigos foram superiores a eles ao conhecer e cultivar a alma feminina. A mulher era o mistério, a sacerdotisa, objeto de uma iniciação, de um ensino especial. A mulher personificava em si “a Natureza, com suas profundas intuições, suas percepções sutis, suas adivinhações misteriosas” (Denis. No invisível, p.77). O espiritismo restitui à mulher seu verdadeiro lugar. A sensibilidade feminina que nos primeiros tempos do moderno espiritualismo se sobressaiu e caracterizou as manifestações espirituais, podem ser observadas ainda hoje, mesmo com o aparente desvirtuamento de alguns movimentos espíritas regionais. Na Doutrina Espírita os dois sexos se unem, se aliam e se equilibram no amor em prol do próximo.
Ver: O Livro dos Espíritos e No invisível (Léon Denis)
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