Siga este Blogue e indique aos seus amigos, eles lhe agradecerão...

quarta-feira, 13 de fevereiro de 2008

MATERIALISMO E ESPIRITISMO

Conta-se que o Dr. Adolfo Bezerra de Menezes orientava, no Rio, uma reunião de estudos espíritas, com a palavra livre para todos os circunstantes, quando, após comentários diversos, perguntou se mais alguém desejava expressar-se nos temas da noite.

Foi então que renomado materialista, seu amigo pessoal, lhe dirigiu veemente provocação:

- Bezerra, continuo ateu e, não somente por meus colegas mas também por mim, venho convidá-lo a debate público, a fim provarmos a inexpugnabilidade de Materialismo contra as pretensões do Espiritismo. E previno a você que o Materialismo já levantou extensa lista de médiuns fraudulentos; de chamados sensitivos que reconheceram os seus próprios enganos e desertaram das fileiras espíritas; dos que largaram em tempo o suposto desenvolvimento das forças psíquicas e fizeram declarações, quanto às mentiras piedosas de que se viram envoltos; dos ilusionistas que operam em nome de poderes imaginários da mente; e, com essa relação, apresentaremos outro rol de nomes que o Materialismo já reuniu, os nomes dos experimentadores que demostraram a inexistência da comunicação com os mortos; dos sábios que não puderam verificar as factícias ocorrências da mediunidade; dos observadores desencantados de qualquer testemunho da sobrevivência; e dos estud iosos ludibriados por vasta súcia de espertalhões... Esperamos que você e os espíritas aceitem o repto.

Bezerra concentrou-se em preces, alguns instantes, e, em seguida, respondeu, aliando energia e brandura:

- Aceitamos o desafio, mas tragam também ao debate aqueles que o Materialismo tenha soerguido moralmente no mundo; os malfeitores que ele tenha regenerado para a dignidade humana; os infelizes aos quais haja devolvido o ânimo de viver; os doentes da alma que tenha arrebatado às fronteiras da loucura; as vítimas de tentações escabrosas que haja restituído à paz do coração; as mulheres infortunadas que terá arrancado ao desequilíbrio; os irmãos desditosos de quem a morte roubou os entes mais caros, a a cujo sentimento enregelado na dor terá estendido o calor da esperança; as viúvas e os órfãos, cujas eneergias terá escorado para os caluniados aos quais terá ensinado o perdão das afrontas; os que foram prejudicados por atos de selvageria social mascarados de legalidade, a quem haverá proporcionado sustentação para que olvidem os ultrajes recebidos; os acusados injustamente, de cujo espírito rebelado terá subtraído o fel da revolta, sub stituindo-o pelo bálsamo da tolerância; os companheiros da Humanidade que vieram do berço cegos ou utilados, enfermos ou paralíticos, aos quais terá tranquilizado com princípios de justiça, para que aceitem pacificamente o quinhão de lágrimas que o mundo lhes reservou; os pais incompreendidos a quem deu força e compreensão para abençoarem os filhos ingratos e os filhos abandonados por aqueles mesmos que lhes deram a existência, aos quais auxiliou para continuarem honrando e amando os pais insensíveis que os atiraram em desprezo e desvalimento; os tristes que haja imunizado contra o suicídio; os que foram perseguidos sem causa aparente, cujo pranto terá enxugado nas longas noites de solidão e vigília, afastando-os da vingança e da criminalidade; os caídos de toda as procedências, a cujo martírio tenha ofertado apoio para que se levantem...

Nesse ponto da resposta, o velho lidador fêz uma pausa, limpou as lágrimas que lhe deslizavam no rosto e terminou:

- Ah! meu amigo, meu amigo!... Se vocês puderem trazer um só dos desventurados do mundo, a quem o Materialismo terá dado socorro moral para que se liberte do cipoal do sofrimento, nós, os espíritas, aceitaremos o repto.

Profundo silêncio caiu na pequena assembléia, e, porque o autor da proposição baixasse a cabeça, Bezerra, em prece comovente, agradeceu a Deus as bênçãos da fé e encerrou a sessão.





Livro Estante da Vida – Pelo Espírito “Irmão X” - Psicografia Francisco C. Xavier

1 comentário:

D disse...

O mais interessante desse trecho do filme é que Bezerra, numa atitude por demais falaciosa, "ataca" o materialismo pela via moral, esquecendo-se, talvez por ignorância, talvez por má-fé (com o perdão do trocadilho), que o materialismo não é, nunca se propôs a ser, uma doutrina moral, diferentemente do Espiritismo.

Para lembrar os amigos espíritas:
Ateísmo: posicionamento ontológico (isto é, sobre um ser), e teológico (sobre um ser divino, mais especificamente)que nega positivamente a existência de deuses (ateísmo forte). Diz-se também da simples ausência de crença em alguma divindade (ateísmo fraco).
Materialismo: posicionamento ontológico (i.e., sobre o ser, o que existe), que afirma que não existe nada além da matéria como a conhecemos atualmente.

Como se observa, ambos os posicionamentos com os quais o materialista do filme de Bezerra se identifica (ateísmo e materialismo), são neutros a respeito da moral, não pretendem ser "moralizadores" como o espiritismo e a maioria das outras religiões.

Se o ateu e materialista em questão, tivesse se identificado como adepto de, vamos supor, do hedonismo, eu até entenderia a colocação de Bezerra.

Mas, como tal não aconteceu, a "réplica" de Bezerra é totalmente descabível e demonstra que este não conhece muito bem o assunto sobre o qual se posiciona. O materialista ateu em questão também parece ligeiramente tolo, não tendo sido capaz de explicar o que acima descrevi a Bezerra de Menezes.

Lamentável essa cena num filme, uma vez que as pessoas, em sua maioria, ignoram o que o ateísmo e o materialismo abrangem ou não e se deixam levar por dramatizações como o lamento totalmente tolo do personagem Bezerra. Lamentável mesmo...

A Natureza é assim... Deus nos ensina se soubermos estar atentos...

A Natureza é assim... Deus nos ensina se soubermos estar atentos...
"Espíritas! Amai-vos, eis o primeiro mandamento; Instruí-vos, eis o segundo."