Quem sou realmente eu? Como poderei evoluir? Qual a verdadeira meta? Qual o objectivo que devo procurar?
Sou simplesmente um espirito que encarnou iniciando ou reiniciando uma existência corporal.
Fui criado simples e ignorante. Evoluir, intelectualmente e moralmente, passando de uma ordem inferior para outra mais elevada, até a perfeição, onde possa gozar de inalterável felicidade, esta deverá ser a minha meta.
Como Espírito preservarei a minha individualidade, antes, durante e depois de cada encarnação.
O pai faz-nos evoluir, através de várias passagens na terra, intercaladas com passagens no plano espiritual, afinal de contas ninguém pode ver o reino de Deus, se não nascer de novo.
Em qualquer um dos planos poderemos aprender a evoluir, mas em ambos o objectivo, deverá ser sempre o mesmo, a desmaterialização e o servir os outros para que possamos chegar a Deus nosso Bondoso Pai Celestial.
Perderei a minha família após a desencarnação ou reencarnação?
Os laços de família não são destruídos pela reencarnação, antes pelo contrário são fortalecidos e reapertados.
Eventualmente a reencarnação pode separar-nos momentaneamente, no entanto, quando regressamos à erraticidade, encontrarnos-emos de novo, tal qual como se nos reencontrasse-mos após uma longa viagem, pois os espíritos formam no espaço, grupos ou famílias, que se unem pela afeição, pela simpatia e a semelhança de inclinações.
Tenhamos sempre presente que nessas famílias, se uns estão encarnados, presos num corpo carnal e outros não, continuarão sempre unidos pelo seu pensamento.
Os que estão livres do corpo carnal velam pelos que se encontram cativos, assim como os mais evoluídos procuram ajudar a evoluir os mais retardatários.
Após cada passagem terrena devemos ter dado mais um passo na evolução para a perfeição, caso contrário, teremos perdido uma oportunidade para avançarmos em direcção Pai.
Devemos tentar ter cada vez menos apego à matéria, não nos deixemos obscurecer pelo egoísmo nem pelas paixões.
Nunca deveremos esquecer que as afeições duráveis, são simplesmente as afeições espirituais, pois são as únicas que sobrevivem à destruição do corpo carnal.
As afeições carnais, extinguem-se com a causa que as provocou.
Não nos esqueçamos que Deus permite as reencarnações entre espíritos antipáticos ou estranhos nas familias , com dupla finalidade.
1. Servirem de provas para uns e de progresso para outros.
2. os maus se melhoram pouco a pouco, ao contacto com os bons e pelas atenções que estes lhes dão, assim os caracteres dos menos evoluídos.
Que tenho eu realmente de meu?
Apenas e sómente o direito de minhas escolhas, no entanto o único responsável pelos meus erros, tudo quanto eu fizer de mal, terei que pagar por isso e prestar contas.
A quem muito foi dado, muito será pedido.
Quem quer que conheça os preceitos do Cristo, será seguramente o culpado se não os praticar .
Aos espiritas muito será pedido, porque muito receberam, mas também aos que souberam aproveitar os ensinamentos, muito lhes será dado.
Foi-me dado um corpo, o qual devo preservar e tratar, pois dele terei que prestar contas ao Pai.
Se Deus me deu a fortuna, devo pois eu aplicá-la de forma correcta a ajudar a todos e não sómente em meu proveito próprio, devo esforçar-me para que a fortuna que me foi dada possa ser benéfica para todos quantos me rodeiam e não sómente para os meus orgulhos egoístas e materialistas.
Se Deus me deu o Dom da palavra aplique-a eu então em divulgar a sua verdadeira mensagem para todos quantos a queiram ouvir.
Se sou empregado, devo esforçar-me para bem de todos, não ir sómente para o emprego para cumprir calendário, mas sim para criar bem para todos, não ver sómente o patrão como aquele que ganha tudo, mas sim como sendo aquele que me dá oportunidade de poder crescer e ganhar o pão de cada dia.
Da mesma forma se sou patrão, não devo pensar sómente no lucro imediato, mas tenho sim a responsabilidade de gerar o bem estar para todos quantos me rodeiam, de criar postos de trabalho, gerando assim o sustento para outros.
Sabemos e já observámos isso acontecer, como é a ruína de fortunas que pareciam solidamente estabelecidas, podemos portanto herdar verdadeiras fortunas, no entanto só as conseguiremos preservar se Deus nosso Pai assim o quiser, assim como também podemos observar o pobre pedinte de hoje ser o milionário de amanhã, no entanto a fortuna ser-lhe-á simplesmente emprestada por Deus e retirada quando Deus o julgar conveniente.
Qual será o maior obstáculo ao meu avanço em Direcção ao Pai?
O apego aos bens terrenos é um dos maiores ao nosso adiantamento moral e espiritual.
A fortuna proporcionará realmente uma felicidade sem manchas?
Será que mesmo que com os nossos cofres cheios de jóias e de ouro, não continuará a existir um vazio nos nossos corações.
É justo que aquele homem que conquistou a fortuna, através do seu trabalho árduo e duro, encontre nisso satisfação, mas da satisfação a um apego que absorva os demais sentimentos e os impulsos do coração, existe apenas uma distancia igual à que vai da sórdida avareza à prodigalidade exagerada.
No entanto Deus colocou-nos à nossa disposição a caridade, que nos deve ensinar a todos a dar-mos sem ostentação para que aquele que a recebe, a receba sem humilhação.
Provenha a fortuna de onde vier, convém que jamais esqueçamos, que tudo quanto temos nos é concedido pelo Pai e que Ele no-La retirará quando assim achar oportuno.
Nada nos pertence na Terra, nem sequer o nosso corpo, já que com a morte ficaremos despojados dele.
Não sejamos hipócritas, somos sómente depositários e não proprietários, daquilo que Deus nos dá e lembremo-nos que a condição que Deus nos impõe para este empréstimo é de que pelo menos o supérfluo possa reverter a favor dos que não têm o necessário.
Através da riqueza, somos investidos como ministros da caridade, mas não tentemos iludirnos na vida terrena, tentando colorir com o nome de virtude aquilo que simplesmente é egoísmo.
Não chamemos em vão economia e previdência àquilo que é simples cupidez e avareza.
Será que quando vivemos já com o supérfluo, será justo pensar-mos em continuar-mos a amealhar, evitando assim de praticar a caridade, desculpando-nos para que chegue para os nossos filhos? Mas será que eles não podem sobreviver com um pouco menos desse supérfluo?
Acreditemos que não é pela fortuna que recebemos de nossos Pais que gostamos mais deles, assim como não será a fortuna que deixar-mos aos nossos filhos que eles gostarão mais de nós.
Quando um homem trabalhou bastante, e foi acumulando os seus bens , costuma afirmar que sabe bem quanto custou, já que foi o seu suor, pois bem se esse homem conhece todo o valor do dinheiro, é importante que faça caridade, segundo as suas posses e terá mais mérito do que aquele que nasceu na abundância e que ignora as rudes fadigas do trabalho.
No entanto se esse homem que enriqueceu através do seu esforço e sacrifício, se fizer egoísta e duro para com os pobres, será muito mais culpado do que os outros, pois quanto mais conhecemos por nós mesmos as dores ocultas da miséria, mais nos devemos interessar pelo socorro aos outros.
Não deixemos que o orgulho nos ponha uma venda nos olhos e um tampão nos ouvidos, compreenda-mos que mesmo com toda a nossa inteligência e capacidade Deus nos pode derrubar com uma só palavra.
Aprenda-mos a contentar-nos com pouco.
Se somos pobres aprenda-mos a contentar-nos com pouco, não invejemos os ricos pois a fortuna não é necessária à felicidade.
Se somos ricos, nunca nos esqueçamos que os bens nos foram confiados e que devemos justificar o seu emprego, como se de uma prestação de contas se tratasse.
Assim, todo aquele que recebe o que o mundo terreno chama uma boa fortuna, que diga:
“Meu Deus, enviaste-me um novo encargo, dai-me força para saber aceitar esta nova responsabilidade, que eu consiga bem administrá-la, ajuda-me a saber administrá-la com sabedoria, não dispondo dela unicamente para nós próprios.
Nunca nos esqueçamos que severas contas nos serão pedidas acerca do emprego da fortuna, em virtude do nosso livre arbítrio.
A beneficência é apenas um dos modos de empregarmos a fortuna. Aprenda-mos pois a dar com sabedoria e sem falsas modéstias que em vez de proveitosas podem ser a nossa perdição.
Afinal de contas o homem nada mais tem do que aquilo que pode levar deste mundo, ou seja o conhecimento.
O que encontrar-mos ao chegar-mos ou deixarmos ao partir , apenas gozamos durante a nossa presença na terra.
No entanto, tudo o que se refere ao uso da alma, como sendo a inteligência, os conhecimentos, as qualidades morais, é tudo o que trazemos e tudo o que levamos connosco quando partirmos, que ninguém tem o poder de no-lo tirar e sernos-á ainda mais útil no outro plano do que neste.
Só a nós compete partir-mos mais ricos do que chegámos, aprovisionando-nos de tudo quanto nos possa ajudar a crescer espiritualmente.
Sejamos ricos moralmente, de acções de bem, de ajuda ao próximo, de ajuda ao nosso irmão, aquele que vive a nosso lado e precisa, sejamos desprendidos dos bens materiais, não invejemos os mais ricos de bens materiais e então sermos ricos e teremos com toda a certeza amealhado para podermos crescer espiritualmente.
Podemos ser ricos de bens materiais e possuir palácios e fortunas de bens incalculáveis, mas se houver-mos esquecido a caridade, a humildade a ajuda ao próximo, então seremos pobres e muito ainda temos que aprender para podermos evoluir.
Que Deus nos ajude a todos a sabermos discernir qual o caminho que realmente queremos seguir e quais os verdadeiros passos que deveremos dar para podermos prosseguir em frente.
Palestra proferida por Pedro Gonçalves na Associação de Estudos Psiquico Espirituais de Bragança - Portugal
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