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domingo, 25 de maio de 2008

A Caridade Segundo o Apóstolo Paulo

O que é a caridade?
. Será?...

 darmos esmolas,

 levarmos comida aos necessitados,

 comprarmos uma rifa de um sorteio de caridade?

Fazer isso dar- nos- á uma consciência tranquila do dever cumprido como cristãos?

 Pensemos um pouco e reflictamos cada um de nós sobre o nosso posicionamento em relação à vida.


"Ainda que eu falasse as línguas dos homens e dos anjos, e não tivesse caridade, seria como o metal que soa ou como o sino que tine".

"E ainda que tivesse o dom de profecia, e conhecesse todos os mistérios e toda a ciência e ainda que tivesse toda a fé, de maneira tal que transportasse os montes, e não tivesse caridade, nada seria."

" E ainda que distribuísse toda a minha fortuna para sustento dos pobres, e ainda que entregasse o meu corpo para ser queimado, e não tivesse caridade, nada disso me aproveitaria".



 Paulo, nesta passagem, mostra aos cristãos de Corinto que a caridade é algo muito mais profundo e importante do que apenas darmos o que nos sobra aos carentes. Embora isto também seja um acto caritativo, não resume a grandiosidade desta virtude.

"Ainda que eu falasse as línguas dos homens e dos anjos, e não tivesse caridade, seria como o metal que soa ou como o sino que tine".
Isto significa que por melhor tom de voz eu tenha em palestrar e por melhor dom da palavra, fosse eu de que religião fosse,, se não possuir em mim mesmo caridade, de nada me adiantará.
De nada adianta ser belo na palavra e pobre de ações.
O exemplo de mudança íntima, de luta constante contra as imperfeições, deve fazer parte da vida de todos nós que nos dedicamos a divulgar a mensagem cristã, divulguemo-la, não sómente pela palavra, mas sim pelas boas acções que façamos.
Conheceremos se a árvore é boa pelos frutos, alertou Jesus. Caso contrário, a palavra será como o sino que tine, ou seja, fará muito barulho e chamará a atenção, mas não modificará os corações e inteligências a que é direccionada.
"E ainda que tivesse o dom de profecia, e conhecesse todos os mistérios e toda a ciência e ainda que tivesse toda a fé, de maneira tal que transportasse os montes, e não tivesse caridade, nada seria."
Ter conhecimento espiritual não faz do ser um indivíduo caridoso.
É Jesus mesmo que se diz agradecido a Deus, por haver escondido os mistérios divinos dos sábios e os haver revelado aos simples (Mateus, cap. XI), referindo-se ao sentimento e à fé nos ensinamentos espirituais.
A mediunidade e o entendimento das Leis do universo dão sim ao ser maior responsabilidade frente à vida, e de posse disso devem seus detentores devem modificar suas condutas e buscar a humildade.
A fé também não é sinónimo de caridade, pois sem obras é morta, segundo o apóstolo Tiago, em sua Epístola, cap. II, vers. 17.
Com a afirmativa de que por mais fé que tivermos em Deus e em nossas próprias forças nada seremos se não tivermos a caridade, Paulo chama a atenção dos religiosos em geral.
Muitos de nós acreditamos que a crença inabalável é porta aberta para ajuda do Alto. Porém, se não nos ajudarmos, praticando aquilo em que cremos através do bom exemplo, qual a vantagem de possuir fé?
" E ainda que distribuísse toda a minha fortuna para sustento dos pobres, e ainda que entregasse o meu corpo para ser queimado, e não tivesse caridade, nada disso me aproveitaria".
Dar esmolas e acabar com a necessidade material do próximo é muito importante.
Mas preciso é alertar às pessoas que tudo depende da intenção.
Se fizermos a doação material com o objectivo de aparecermos aos outros, ou então para aliviarmos nossa consciência, estaremos nos enganando.
Além disso, corremos o risco de ajudar ao necessitado, mas humilhá-lo ao mesmo tempo, com um ar de superioridade que o ferirá.
A doação desinteressada deve brotar da compreensão da Lei de Deus, tornando-nos irmãos de quem ajudamos e tendo como único fim o amparo e alívio do sofredor.
Ainda neste trecho, Paulo instrui de que nada adianta nos auto- flagelarmos, com o intuito de mostrarmos para quem nos vê que somos crentes em Deus.
Mais importante que castigar o corpo, com privações e sofrimentos, é sufocar as más tendências, verdadeiras mães de nossas desgraças.
"A caridade é sofredora, é benigna; a caridade não é invejosa; não trata com leviandade; não se ensoberbece".
O apóstolo mostra que a verdadeira caridade traz a resignação, que é o entendimento das dificuldades da vida como obstáculos a serem vencidos, objectivando o progresso espiritual.
Alia a bondade para com todos, independente do momento, pois a vingança e o ódio corroem o sentimento e turbam os sentidos racionais, enquanto o perdão enobrece o ser.
Diz ainda que a prudência deve fazer parte de quem busca a caridade, pois ser leviano traz consequências inesperadas, e o orgulho do homem pode contribuir para o afastamento de Deus.
"Não se porta com indecência, não busca os seus interesses, não se irrita, não suspeita mal. Não folga com a injustiça, mas folga com a verdade".
Num mundo onde o que mais vale é a satisfação pessoal, mesmo em detrimento da paz alheia, a caridade busca decência e fraternidade.
De que adianta levarmos vantagem em tudo se alguém estiver sofrendo com isso?
Com certeza, esta dor do próximo será revertida em desespero, rancor, violência, que mais cedo ou mais tarde, acabará voltando-se contra nós mesmos, nossos filhos ou amigos.
Irritarmo-nos é a melhor forma de perdermos a razão, por isso a paciência, a resignação e a sensatez fazem parte da caridade, levando o homem a pensar antes de agir.
Assim, devemos lembrarmo-nos todos nós que a justiça irá se fazer mais presente na nossa sociedade, libertando os seres das mentiras e intrigas que envolvem interesses pessoais.
É a verdade prevalecendo, e só ela pode nos libertar da ignorância, disse Jesus.
"Tudo sofre, tudo crê, tudo espera, tudo suporta".
Tudo tem sua hora.
Saber esperar é próprio da caridade.
Quando o ser amplia sua visão além da vida material, vê no horizonte a luz necessária para manter-se animado e vivo.
Busca na sabedoria cristã o esclarecimento para suas dúvidas, deixando de lado o desespero.
É o caminho do equilíbrio proporcionado pela caridade.
"Agora, pois, permanecem a fé, a esperança e a caridade. Mas a maior destas é a caridade" ( Paulo, I Coríntios, cap. XIII, vers. 1 ao 13).
Mudança íntima, humildade, obras, exemplo, doação desinteressada, resignação, bondade, perdão, prudência, decência, razão, tranquilidade, sabedoria, justiça, amar ao próximo como a nós mesmos.
O que verdadeiramente Paulo diz sobre o que é a caridade:
Um conjunto de atributos morais e intelectuais, que fará do Espírito ser dono de seu próprio destino.
A fé e a esperança, indispensáveis para uma existência sensata e confiante, são assessoras da caridade, que será o sentimento principal a ser buscado pelo homem de bem, libertando de seu egoísmo e encaminhando-o para o Reino de Deus.
"Todos os deveres do homem se encontram resumidos na máxima: Fora da caridade não há salvação (Allan Kardec, Evang. S. Esp., cap.XV, item 5).
A Doutrina Espírita mostra que o que interessa é a prática da caridade, seja ela feita em que religião for.
Jesus nunca disse que esta ou aquela doutrina deveria ser seguida.
Mas sim, resumiu a Lei e os profetas em:
Amar a Deus sobre tudo e ao próximo como a si mesmo.
Este é o lema do Espiritismo:
"Reconhece-se o verdadeiro espírita pela sua transformação moral, e pelos esforços que faz para domar suas más inclinações". (Allan Kardec, E.S.E., XVII, 4).
Nem Paulo, nem Jesus e muito menos a Doutrina Espírita quer que sejamos santos.
Os Espíritos superiores sabem das nossas limitações e os ensinamentos cristãos são exactamente para ajudar-nos a superá-los.
O que se espera do verdadeiro espírita, ou cristão, que têm o mesmo sentido, é o esforço constante em analisar-se moralmente.
E sempre que se perceber fora dos atributos que constituem a caridade, que erga a cabeça, recomece novamente o caminho, sem desesperos ou pressa, mas a passos firmes e corajosos.

Palestra proferida por Pedro Gonçalves na Associação de Estudos Psiquico ESpirituais de Bragança - Portugal

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A Natureza é assim... Deus nos ensina se soubermos estar atentos...

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"Espíritas! Amai-vos, eis o primeiro mandamento; Instruí-vos, eis o segundo."