O objectivo de hoje, ao analisarmos a questão da morte súbita, é de reflectir sobre a forma como lidamos com a perda de entes queridos que partiram vítimas de acidentes vários e suicídios.
Como sabemos, o ser humano, é um ser complexo, onde se combinam três elementos afim de formar uma unidade viva.
São estes três elementos o corpo, envoltório material temporário, do qual nos separamos após a morte.
O perispirito, como invólucro fluídico permanente, invisível, que acompanha a alma em sua evolução infinita.
A alma, princípio inteligente, centro da força, foco da consciência e da personalidade.
Perguntas/Respostas:
Que se passa no momento da morte e como se desprende o espírito da sua prisão material?
As sensações que precedem e se seguem à desencarnação são muito diversificadas, dependendo, sobretudo do carácter, dos méritos , da elevação moral do espírito que abandona a Terra.
A morte súbita será uma fatalidade?
• Responderemos a esta questão com o conteúdo da questão 851 do “O Livro dos Espíritos”, que nos diz assim:
• "A fatalidade existe unicamente pela escolha que o espírito fez, ao encarnar, desta ou daquela prova para sofrer. (...) Falo das provas físicas, pois pelo que toca as provas morais e as tentações o espírito, conservando o livre arbítrio quanto ao bem e ao mal, é sempre senhor de ceder ou resistir."
• No entanto, aqui teremos que analisar também se a morte não aconteceu, por descuido do próprio irmão que desencarna, pois aí passa a ser suicídio, como acontece muitas vezes em acidentes que acontecem por excessos e meros descuidos.
Os desencarnes colectivos serão resgates?
• É certo que a Providência Divina reúne, por força das necessidades das criaturas, estas mesmas criaturas em torno de circunstâncias que promovem o desencarne colectivo.
• Lembrando que o acaso não existe, recorreremos à questão 737 de “O Livro dos Espíritos”, onde os espíritos nos dizem que Deus fere a humanidade por meio de flagelos destruidores para fazê-la progredir mais depressa.
• Isto significa que muitas vezes a humanidade precisa de levar um verdadeiro abanão, deixando a nu as nossas reais fraquezas de ser humano, de forma a que todos nós possamos compreender o quanto somos ainda imperfeitos, simples, ignorantes e que temos ainda muito que trabalhar para podermos evoluir e aprender, nunca nos esqueçamos de pedir a Deus nosso Pai que nos ajude a aprender e a sermos sempre úteis uns aos outros.
• Temos ainda muito que aprender.
Qual a situação do espírito no caso da morte súbita. O desligamento entre a alma e o corpo físico também é súbito?
• Para responder essa questão temos que entender que a condição evolutiva do espírito desencarnou faz com que este tenha um entendimento mais amplo ou não, que possa avaliar as suas condições no momento da passagem da fronteira.
• Existem inúmeros relatos de espíritos que, diante da morte súbita, não se dão conta do que lhes aconteceu.
• Existem outros que tomam conhecimento do facto por si mesmos e com o auxílio de amigos espirituais que os antecederam ao fenómeno da morte e os recebem e acompanham no plano espiritual.
• Quanto ao desligamento do perispírito, estes laços também serão cortados de forma súbita e para alguns mesmo de forma muito dolorosa, conforme o caso em que o desencarne tenha acontecido.
• É como se o próprio corpo físico expulsasse o corpo espiritual e, consequentemente, o espírito.
A maior dificuldade para os que ficam e para quem desencarna no caso de morte súbita, é a falta do "acerto de contas", ou seja, o perdão das ofensas, os últimos pedidos e a preparação para uma despedida?
• Tudo isso tem muita influência no momento da separação dos entes queridos que ocorre com a morte súbita.
• Além do choque, uma das questões que mais aflige a quem fica, ou até mesmo para quem parte, é a sensação de deixar coisas mal resolvidas.
Existem casos em que a criatura nunca poderá fugir do seu "destino traçado"?
• É como nos reportamos inicialmente à questão 851 de “O Livro dos Espíritos” onde se diz que a fatalidade existe unicamente pela escolha que o espírito fez ao encarnar desta ou daquela prova. E prosseguem os espíritos dizendo: "Escolhendo-a (a prova), institui para si uma espécie de destino.
• “O Livro dos Espíritos” coloca-nos que o momento da morte é a única fatalidade. Como entender isto relacionando com mortes súbitas, principalmente em caso de acidentes?
• A morte súbita é um meio pelo qual o espírito escolhe viver as suas provas.
• Provavelmente ainda o que nos falta entender é ver a morte não como um castigo, mas como um fenómeno de libertação que faz parte da natureza humana, ou seja, dos espíritos que estão na condição de encarnados, que cumpriram as provas pelas quais teriam que passar, ou que terminaram um ciclo encarnatório, no qual reduziram ou aumentaram substancialmente suas cargas cármicas, tanto quanto faz parte desta mesma natureza o nascimento.
A fase de perturbação espiritual será mais complicada no caso da morte súbita?
• Depende.
• Sempre vai concorrer nestes casos o conteúdo que o espírito traz ao longo de suas experiências, ou seja a sua carga cármica.
• Não esqueçamos que, ao analisar a morte de um ente querido, estaremos falando também daquilo que ele, como espírito, já conseguiu incorporar no seu ser ao longo dos séculos de existência, portanto, a fase de perturbação espiritual poderá variar de breves instantes a meses ou anos, dependendo de sua condição evolutiva, bem como de toda a ajuda que lhe possamos dar, mediante a nossa própria compreensão também.
Os que desencarnam de morte súbita sofrem mais do que aqueles que já tem a morte esperada?
• Não necessariamente.
• O sofrimento do espírito em relação à morte dependerá das conquistas já realizadas.
• É claro que, em geral, os que têm a morte esperada têm maior tempo para se preparar para a passagem, o que não quer dizer que eles o façam efectivamente, tudo depende da evolução de cada um e que saibam o que realmente lhes aconteceu com a desencarnação.
Nos chamados "suicídios indirectos", haverá a possibilidade de o espírito desencarnar "antes do tempo". Essa possibilidade se aplica também nos casos de acidentes? Será que isso não contraria a máxima evangélica do "nem um fio de cabelo cai sem que Deus tome disso ciência"?
• De uma forma geral, o espírito ao encarnar faz uma programação das provas pelas quais irá passar, contribuindo para o seu progresso, ao mesmo tempo que também programa a realização dessas provas num determinado período de existência aqui na Terra.
• Esse período de tempo poderá ser reduzido ou estendido de acordo com o bom aproveitamento ou não da sua estada aqui na Terra.
• Portanto, um espírito invigilante poderá, sim, antecipar o seu retorno ao plano espiritual sem que tenha conseguido realizar aquilo que havia programado.
• Nos casos de acidentes, é também possível de acontecer este retorno antecipado; imaginemos uma pessoa que goste de desportos perigosos: mesmo que ele não tenha a intenção de morrer, você não acha que, ao praticar um desporto perigoso, ou radical, pura adrenalina, não estaria ele valorizando pouco uma dádiva de Deus, que é o direito de viver?
• Quantos não são os que frequentam as nossas estradas, conduzindo sistematicamente em excessos de velocidade, colocando desnecessariamente a sua vida e a dos outros em risco permanente, esquecendo-se de tomarem as devidas providências para a conservação da vida?
• Obviamente, correm o risco de reduzirem seu tempo de vida e dos outros, sendo ainda responsáveis perante Deus pela sua vida e pela dos outros.
Qual o ensinamento contido na lição para quem desencarna e para os entes queridos que ficam?
• Sem dúvida nenhuma, estaremos aí, tanto quem "morre", quanto quem fica, exercitando a nossa parcela de fé em Deus e de confiança na justiça divina.
• Principalmente o sentimento da justiça é uma das questões que mais se sobressaem nos corações que sofrem com a perda súbita de um ente querido.
• E a primeira pergunta que fazemos é:
• “Por quê, meu Deus?”
• Isto se agrava mais ainda se pensarmos nas mortes súbitas que tenham como fundo um assassinato, pois em geral são mortes que perturbam não só quem desencarna, mas que custam tantas vezes a compreender a todos os que ficam, procurando rebuscar muitas das vezes as mais recônditas razões para que tal houvesse acontecido.
Qual a relação entre aborto e morte súbita? Para a criatura que é assassinada a perturbação é a mesma?
• A questão do aborto, para quem o pratica, fica a critério do julgamento de si mesmo pela sua própria consciência, na medida em que a criatura compreende que o homem não tem o direito sobre a vida alheia.
• Do ponto de vista de quem sofre o aborto, ou seja, do espírito reencarnante, e que, com o conhecimento que a Doutrina Espírita nos traz, podemos considerar, para este espírito, como uma morte súbita.
• A condição espiritual deste ser também dependerá daquilo que ele já conquistou como espírito imortal.
• É comum, nestes casos, ouvirmos de espíritos que foram rejeitados, o sentimento de mágoa pronunciado pela falta de aceitação por parte daqueles que deveriam recebê-lo e assim não o fizeram.
• Por mais desculpas que se possam procurar no imediato para efectuar o aborto, temos que lembrar o direito de cada um à vida, que nos é concedido por Deus, por outro lado qual dos que aqui se encontra me poderá afirmar, que não foi escolha sua ao reencarnar ter um filho em condições adversas para um e para outro?
Pode haver casos em que o desligamento rápido do corpo físico, possa manter a vida ainda neste corpo, existindo apenas a morte cerebral?
• Se considerarmos a questão do desligamento, como sendo a única coisa que poderá prender o espírito, revestido do corpo espiritual ou perispírito, ao corpo físico, será a sua condição mental, o que não quer dizer que os rompimentos dos laços fluídicos já não tenham sido feitos.
• A morte cerebral é um outro estado de situação; nestes casos, ainda existe vida vegetativa e, portanto, os laços fluídicos ainda não foram cortados.
• Em caso de assassinato, poderá o perispírito continuar correndo atrás do seu assassino e agindo como se ainda estivesse encarnado, logo após o desligamento, será possível?
• É perfeitamente possível a ocorrência deste facto.
• Como dissemos inicialmente: tudo dependerá do conhecimento que o espírito tiver acerca da vida espiritual.
• É comum o relato de espíritos que estão, por exemplo, em situação de perigo, de guerra, ou estados semelhantes, que desencarnam e continuam "lutando pela sua sobrevivência".
Então é possível, mesmo, desencarnar sem antes cumprir a "missão" que vemos para cumprir? Isso segue algum critério ou é uma opção? O espírito pode evoluir com isso?
• No dizer dos espíritos a Kardec, relatado no livro “Obras Póstumas”, a missão somente pode justificar-se pela obra realizada.
• Portanto é possível que nós desencarnemos sem cumprir aquilo que nos coube realizar na obra da criação enquanto espíritos residentes aqui na Terra.
• Não diria que para isso exista algum critério, mas fica sempre a liberdade de escolha do espírito de ceder ou de resistir diante das provas que lhe cabem cumprir.
• Para o espírito isto será sempre uma forma de experiência, mesmo que tenha uma colheita "amarga".
Qual a relação entre suicídio e morte súbita?
• Podemos encarar que o suicídio é uma forma de morte súbita.
• Ao perdermos um ente querido através de suicídio, geralmente não esperamos que ele possa escolher este género de morte, e o que mais incomoda naqueles que ficam é o sentimento de culpa gerado pelo ato do suicídio em que se faz a pergunta: ”Onde foi que errei? O que foi que fiz de mal? Porque não compreendi que poderia acontecer? O que poderia ter feito para ajudar e valer-lhe a tempo e a horas?”
• Além disso, a mágoa gerada no coração daqueles que permanecem encarnados, muitas vezes, vai-se tornar em fonte de sofrimento para aqueles que optam pelo suicídio.
• Por outro lado aqueles que desencarnam, terão desde logo que recomeçar as provas desde o começo, pois que desistiram a meio do percurso nesta encarnação.
Considerações Finais
1. Em suma, concluímos que a questão da morte súbita para nós ainda é, dado o nosso nível de compreensão das questões espirituais, um motivo de dor para os nossos corações, tanto de quem fica, como de quem parte.
2. Dor esta, principalmente, causada pela ausência física daqueles a quem amamos.
3. Importa neste momento ressaltarmos o valor da Doutrina Espírita nas nossas vidas que nos permite conhecer de formas tão amplas a vida no mundo espiritual permitindo, assim, que nos preparemos mais diante de situações como estas relatadas no estudo de hoje.
4. Ressaltemos também a consolação que a Doutrina nos proporciona, principalmente através das comunicações mediúnicas, onde podemos ouvir os relatos tanto dos espíritos superiores quanto de espíritos que desencarnaram de forma súbita; e tenhamos a certeza de que em qualquer circunstância teremos o amparo de Deus através de espíritos familiares e amigos que recebem os desencarnantes e auxiliam aos que ficam.
5. Temos também a noção da continuidade da vida, da imortalidade e individualidade da alma, a certeza absoluta da realização da justiça de Deus;
6. O exercício constante da nossa fé em Deus; e acima de tudo, nos momentos mais difíceis, o recurso da prece como forma de buscar o contacto com fontes superiores e prosseguirmos na luta que nos cabe realizar num mundo de provas e expiações como ainda é a nossa casa Terrena.
Palestra proferida por Pedro Gonçalves na Associação de Estudos Psíquico- Espirituais de Bragança - Portugal
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