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sábado, 29 de novembro de 2008
AMIGOS DE INFÂNCIA – Parte X
As plantações de trigo douravam as paisagens , conforme batiam os ventos formavam-se novos cenários, dançando pra lá e pra cá como um balé ao ritmo da melodia dos ares.
Só mais alguns dias e a colheita se iniciaria, famílias inteiras nos campos de cereais se empenhariam. Braçadas e mais braçadas levadas para as silagens e para os moinhos , nem mesmo grãos caidos ao chão seriam desperdiçados pois faziam a alegria dos pássaros nos ninhos .
Quem soubera semear e a lavoura se dedicar, colheriam em abundância e qualidade, uma grata satisfação pelo trabalho que acompanhou da evolução da semente pequenina até chegar a fartura dos novos grãos. O trabalho do plantador é que sempre definiu o resultado final , quem não se deixara esmorecer pela quentura do sol, pelas rajadas das tempestades, pela seca ou extremo frio, e no seu objetivo confiou e jamais desistiu, era o momento de colher com grande felicidade.
Quem se entregou cedo ao desânimo, ao perceber o primeiro ataque das pragas a dizimar, ou ainda se deixou pela preguiça se arrastar , a esses pouco restava agora para ceifar. Mais desgraçados se tornaram, sem estímulos para continuar, atribuindo a divindade a má sorte que os fez piorar.
No entardecer, quando o trabalho terminava, corriam para cima dos montes toda a meninada, para verem passar os trabalhadores que se recolheriam para seus lares e os animais que seguiam para as invernadas.
Um descanso merecido onde reestabeleceriam as forças e as energias para empreitarem em uma nova jornada.
Em fila, os lavradores enxugavam os rostos suados, a espera do pagamento combinado em talentos, contavam cada qual suas moedas que lhes provisionaria o sustento. Alguns mostravam um semblante, que embora cansados expressavam satisfação, o prazer natural do cumprimento da tarefa cumprida com dedicação. Outros resmungavam em descontentamento pois viam no trabalho uma árdua obrigação, aborrecidos sequer reconheciam o valor daquele quinhão.
Jesus, sentado no alto da pedra, meditava sobre as diferenças entre aqueles trabalhadores que do Pai haviam recebido as mesmas oportunidades em uma seara em vastidão . Se reclamavam daquilo que recebiam como paga, é porque nunca raciocinaram que todo justo patrão oferece aos seus colaboradores, oportunidades de igual crescimento e prosperidade, recompensando a cada um pelas suas aptidões e produção individual, quem souber mostrar boa vontade e sabedoria para os seus talentos multiplicar estes é que obterão maior valorização e melhor compensação final.
Lembrou -se das figueiras secas que não oferecem nenhum fruto, assim classificaria essas pessoas que se deixam atormentar pela inveja , pelo cíumes e pelo orgulho, desperdiçando forças, perdendo tempo irrigando sentimentos em solos cheios de pedregulhos, deixando seus corações murchar. Se lembrassem de cultivar apenas virtudes, em solo preparado e fecundo, quantos frutos doces poderiam saborear !
As misérias morais são da seara os mais terríveis “joios”, e nem sempre se consegue identificá-los a olho, pois não revelam de imediato suas intenções de veneno cruel e degradador, muitas vezes acabam sendo cultivadas e regadas como se fossem o melhor, causando tristeza e dor.
Sempre é tempo de arrancar os “maus” frutos, quando se sabe que se colhe apenas o que se cultiva. Fazendo na Seara uma semeadura limpa, bem cuidada, sem demora, para o Patrão o que importa não é o tempo em que o serviço é executado, mas os resultados apresentados mesmo que sejam de ultima hora.
(Texto e Desenho - Paty Bolonha - 2008 )
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