Floresce, espontânea, em toda parte, independendo dos fatores que lhe propiciam o desabrochar.
Inesperadamente aparece nos solos áridos, nos quais os sentimentos não medram.
Nas terras encharcadas da emotividade abundante, também surge sem qualquer programação...
Sua presença é percebida, logo de início, convidando à atenção que nela se fixa, a partir desse momento.
Detestada, não teme reações, tornando o seu apelo mais forte.
Aceita, diminui a agudeza dos seus efeitos, suavizando-os.
Estudada por teóricos e práticos, todos se lhe referem de maneira variada, sem chegarem a uma conclusão unânime.
A verdade, porém, é que se faz conhecida sempre, e ninguém pode impedir-lhe a presença.
Depois que encerra um ciclo, prepara, para um novo cometimento, a sua oportuna aparição.
Nenhum recurso a impede, porque, por enquanto, ela é a única maneira de conduzir o homem na conquista dos altos Cimos da Vida, desde que o amor não logre fazê-lo.
Essa flor abençoada, que surge nos terrenos de todas as vidas, é a dor.
Este homem padece de injunções sócio-econômicas e tem a alma em desalinho.
Aquele experimenta a abundância de valores amoedados e sofre a solidão afetiva que o dinheiro não pode comprar.
Esse, arde nas brasas do desejo, insatisfeito, e, lasso, entrega-se ao frenesi da promiscuidade.
Estoutro, esgrime o ódio e sofre-lhe a rebeldia dilacerante nos tecidos íntimos do ser.
Aqueloutro caminha chancelado pelas etiquetas das patologias cruéis.
Uns definham nas garras afiadas de enfermidades irreversíveis.
Outros derrapam em alucinações inimagináveis...
Todos, porem, sofrendo a constrição das dores de variada expressão, amargurando, lapidando, despertando para novos valores da vida, que permanecem desprezados.
A dor é benfeitora anônima, que a todos visita.
Cessados os seus efeitos perturbadores, quantas conquistas morais e espirituais!
Os prepotentes, que a desconsideram, não chegam ao termo da jornada, sem experimentar-lhe a companhia.
Os ingratos, que se supõem felizes, não lhe fogem à presença.
Os orgulhosos, que a desprezam, considerando-se inatingíveis, encontram-na adiante...
Ela verga toda cerviz e submete, sem exceção, todas criaturas.
O seu cerco é invencível e ela sai-se sempre vencedora.
É instrumento da Lei, que o próprio homem vitaliza e necessita.
Tu, que conheces Jesus, recebe essa benfeitora, sem rebeldia.
Não se trata de masoquismo, mas, sim, da inevitabilidade de sofrer, transformando esse estado em formosa aquisição de bênçãos.
Hás os testemunhos à fé e os resgates que procedem do passado.
Seja qual for o motivo, transforma-o em oportunidade iluminativa, porque estás, na Terra, para crescer e evoluir, adquirindo experiências de profundidade.
A dor, que a muitos amesquinha, envilece e atordoa, deve constituir-te estímulo para a grande vitória sobre ti mesmo.
Não te preocupes com mais nada, e, sob o seu jugo, confiante, avança com a dor até conseguires o teu momento de plena libertação.
pelo Espírito Joanna de Ângelis - Psicografia de Divaldo P. Franco – do livro Momentos de Felicidade
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segunda-feira, 24 de março de 2008
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