Ivan René Franzolim
É curioso notar como todos conhecem algo sobre Jesus - sua vida e seu ensinamentos, mas nada conhecem sobre sua família. Não é caso para se discutir se o assunto é relevante ou não. Trata-se de saber um pouco mais de uma pessoa que se ama e admira. Embora esse conhecimento seja útil para auxiliar a entender o evangelho e o contexto que o originou, sua maior importância talvez resida na satisfação que proporciona conhecer mais de Jesus, de seus companheiros, sua região geográfica e o seu tempo.
Pelo lado paterno as informações são poucas e até contraditórias. Segundo Mateus [1:16], o pai de José foi Jacob e, conforme Lucas [3:23], foi Heli. Nada foi registrado sobre a mãe de José, possíveis irmãos ou tios. Marcos [6:3] e Mateus [13:55], informam que José era carpinteiro. No prólogo do documento apócrifo "História de José o Carpinteiro", aparece evidenciado que José morreu com idade avançada e no capítulo 2, versículo 1, que era de Belém. Pela história contida no novo testamento conclui-se que tenha falecido próximo do início do ministério de Jesus.
O lado materno registra maiores dados a partir das fontes apócrifas (consideradas de pouca confiança ou não inspiradas por Deus pela religião católica). Através do Proto-Evangelho de Tiago [1:1 e 4:1], sabemos o nome do pai e da mãe de Maria: Joaquim e Ana. O mesmo documento revela que Isabel, esposa de Zacarias e mãe de João Batista, era parente de Maria.
Jesus teve irmãos?
O Novo Testamento apresenta diversas passagens com referência aos irmãos de Jesus, fazendo surgir três hipóteses sobre o assunto. Marcos [6:3] revela: "Não é este o carpinteiro, filho de Maria, irmão de Tiago, de José, de Judas e de Simão? Não vivem aqui entre nós também suas irmãs?" Mateus [13:55-56] assinala; "Não é ele o filho do carpinteiro? Não se chama sua mãe Maria e seus irmãos Tiago e José, Simão e Judas? Suas irmãs não estão todas entre nós?"
A Igreja Católica adota a tese que os chamados irmãos são, na verdade, primos ou parentes distantes, em razão da elasticidade do conceito de parentesco no judaísmo, embora continue sem explicação o fato de existirem diversos documentos redigidos em grego e por gregos (não judeus), que mantém o termo irmão. Outro fator de influência é o conceito de virgindade perpétua de Maria, mas contra ele há as citações das fontes apócrifas e o registro de Lucas [2:6-7] assinalando que nasceu o filho primogênito - termo usado quando se sabe que o casal teve outros filhos. Os protestantes preferem a hipótese que seriam irmãos verdadeiros.
Há pesquisadores que apontam para a possibilidade de tratar-se de irmãos de um primeiro casamento de José, baseados no Proto-Evangelho de Tiago [9:2] "José replicou - tenho filhos e sou velho, enquanto ela é uma menina". Obtém-se mais dados na História de José o Carpinteiro:
[2:3] Este homem, José, se uniu em santo matrimônio a uma mulher que lhe deu filhos e filhas: quatro homens e duas mulheres. Chamavam-se Judas, Josetos, Tiago e Simão; e as filhas, Lísia (ou Ássia) e Lídia.
[11:1] Seus dois filhos maiores, Josetos e Simão, contraíram matrimônio e foram viver em suas casas. Casaram-se, do mesmo modo, suas duas filhas, como é natural entre os homens. José ficou só com Tiago, seu filho menor.
Confrontando Marcos [15:40] com João [19:25], surge, por dedução, a possibilidade de que Maria tinha uma irmã com o mesmo nome, casada com Alfeu ou Cleófas (seria a mesma pessoa com traduções diferentes do mesmo nome), gerando os filhos: Simão e Judas, segundo Eusébio de Cesaréia; ou a hipótese menos plausível que a outra Maria seja Salomé, casada com Zebedeu e mãe de Tiago e João (evangelista).
Esses são, em grande parte, os dados disponíveis sobre os parentes de Jesus. A concepção espiritualista compreende que todos os seres do universo são oriundos de uma mesma fonte (pai), constituindo portanto, uma imensa e única família. A concepção espírita amplia o entendimento de família como micro-unidades de convivência e aprendizado que se processam através das encarnações, constituindo o alicerce maior da educação do espírito imortal. Caminhamos para vivermos como uma verdadeira e única família, amando, respeitando e cooperando com todas as individualidades. Para atingirmos esse objetivo a humanidade recebeu por orientador Jesus - um espírito de grande elevação e capacitação que auxilia o desenvolvimento de alguns bilhões de espíritos e um número infindável de mônadas em estágio inicial de evolução. Enquanto encarnado nos deixou, além do seu exemplo, seus ensinamentos que constituem um verdadeiro manual para a vida e a felicidade eterna que hoje conseguimos captar com mais profundidade e amplitude, graças ao espiritismo. Para o nosso crescimento equilibrado e acelerado, basta seguirmos o ciclo das três fases: estudo, aplicação, avaliação.
Ivan René Franzolim
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