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segunda-feira, 1 de novembro de 2010

VERDUGO E VÍTIMA

O rio transbordava.

Aqui e ali, na crista espumosa da corrente pesada, boiavam animais mortos os deslizavam toras e ramarias.

Vazantes em torno davam expansão ao crescente lençol de massa barrenta.

Famílias inteiras abandonavam casebres, sob a chuva, carregando aves espantadiças, quando não estivessem puxando algum cavalo magro.

Quirino, o jovem barqueiro, que vinte e seis anos de sol no sertão haviam enrijado de todo, ruminava plano sinistro.

Não longe, em casinhola fortificada, vivia Licurgo, conhecido usurário das redondezas.

Todos o sabiam proprietário de pequena fortuna a que montava guarda, vigilante.

Ninguém, no entanto, poderia avaliar-lhe a extensão, porque, sozinho, envelhecera e, sozinho, atendia às próprias necessidades.

- “O velho – dizia Quirino de si para consigo – será atingido na certa. É a primeira vez que surge uma cheia como esta. Agarrado aos próprios haveres, será levado de roldão... E se as águas devem acabar com tudo, por que não me beneficiar? O homem já passou dos setenta... Morrerá a qualquer hora. Se não for hoje, será amanhã, depois de amanhã... E o dinheiro guardado? Não poderia servir para mim, que estou moço e com pleno direito ao futuro?...”

O aguaceiro caia sempre, na tarde fria.

O rapaz, hesitante, bateu à porta da choupana molhada.

- “Seu” Licurgo! “Seu” Licurgo!

E, ante o rosto assombrado do velhinho que assomara à janela, informou:

- Se o senhor não quer morrer, não demore. Mais um pouco de tempo e as águas chegarão. Todos os vizinhos já se foram...

- Não, não... – resmungou o proprietário -, moro aqui há muitos anos. Tenho confiança em Deus e no rio... Não sairei.

- Venho fazer-lhe um favor...

- Agradeço, mas não sairei.

Tomado de criminoso impulso, o barqueiro empurrou a porta mal fechada e avançou sobre o velho, que procurou em vão reagir.

- Não me mate, assassino!

A voz rouquenha, contudo, silenciou nos dedos robustos do jovem.

Quirino largou para um lado o corpo amolecido, como traste inútil, arrebatou pequeno molho de chaves do grande cinto e, em seguida, varejou todos os escaninhos...

Gavetas abertas mostravam cédulas mofadas, moedas antigas e diamantes, sobretudo diamantes.

Enceguecido de ambição, o moço recolhe quanto acha.

A noite chuvosa descera completa...

Quirino toma os despojos da vítima num cobertor e, em minutos breves, o cadáver mergulha no rio.

Logo após, volta à casa despovoada, recompõe o ambiente e afasta-se, enfim, carregando a fortuna.

Passado algum tempo, o homicida não vê que uma sombra se lhe esgueira à retaguarda.

É o Espírito de Licurgo, que acompanha o tesouro.

Pressionado pelo remorso, o barqueiro abandona a região e instala-se em grande cidade, com pequena casa comercial, e casa-se, procurando esquecer o próprio arrependimento, mas recebe o velho Licurgo, reencarnado, por seu primeiro filho...

Ave que torna, em chaga, ao brando ninho,
Ouço divina música na sala,
É a sua voz celeste que me embala,
Motes do lar que tornam de mansinho.

Ergo-me agora... O corpo é o pelourinho
De que me desvencilho por beijá-la...
“Mãe! Minha Mãe!,,,” – suspiro, erguendo a fala,
A soluçar de júbilo e carinho

Tomo-lhe os braços em que me acrisolo
E durmo novamente no seu colo
Para acordar no berço de outra vida..





pelo Espírito Irmao X - Do livro: Luz no Lar, Médium: Francisco Cândido Xavier - Espíritos Diversos.

AMAR A NÓS MESMOS

Amar a nós mesmos não é consagrarmos a vida à exaltação absoluta do corpo de carne que o homem serve de veículo provisório na luta redentora da Terra.

Certo, tanto quanto devemos atenção e assistência a qualquer máquina útil, não podemos relaxar no cuidado que nos merece a vestimenta física, entretanto, não nos cabe centralizar todos os objetivos da existência naquilo que, no fundo, seria a preservação da animalidade.

Amarmo-nos, então, será atendermos ao justo imperativo de nossa habilitação espiritual para a vida eterna.

Nesse sentido, é indispensável aproveitarmos o concurso valioso e eficiente da dor e da luta, do trabalho e do sacrifício, na aquisição de nossas melhores experiências para os círculos mais altos.

A pedra que fugisse ao buril e o vaso que se desviasse do clima asfixiante do forno jamais seriam arrancados do primitivismo agreste aos espetáculos da beleza e da utilidade.

Claro, portanto, que se realmente amamos a nós mesmos, não podemos perder a nossa oportunidade de elevação, através das provas e dos sofrimentos que o estágio curto na Terra nos oferece.

Renúncia é sublimação.
Obstáculo é auxílio.
Trabalho é posse de competência.
Disciplina é sementeira de altos valores espontâneos.
Obediência ao bem é construção do progresso comum.
Escravidão aos deveres da reta consciência é acesso à Vida Superior.
Silêncio é porta para a humildade.
Serviço de hoje aos semelhantes é influência divina amanhã.
Dificuldades bem superadas são bênçãos.

Se buscarmos, desse modo, amar a nós mesmos, saibamos desprezar o contentamento efêmero de algumas horas na carne escura e frágil, valorizando o nosso ensejo de aprender e crescer, com os entraves e sombras, com as dores e aflições do caminho terrestre, porque, purificando a nós mesmos, no sacrifício pelo bem dos outros, mais cedo alcançaremos a áurea da imperecível felicidade.





pelo Espírito Emmanuel - Do livro: Construção Do Amor, Médium: Francisco Cândido Xavier.

Mágoa

André Luiz e Chico Xavier
Do livro: Ideal Espírita -CEC


Se a mágoa lhe bate à porta, entorpecendo-lhe a cabeça ou paralisando-lhe os braços, fuja dessa intoxicação mental enquanto pode.

Se você está doente, atenda ao corpo enfermiço, na convicção de que não é com lágrimas que você recupera um relógio defeituoso.

Se você errou, busque reconsiderar a própria falta, reajustando o caminho sem vaidade, reconhecendo que você não é o primeiro e nem será o último a encontrar-se numa conta desajustada que roga corrigenda.

Se você caiu em tentação, levante-se e prossiga adiante, na tarefa que a vida lhe assinalou, na certeza de que ninguém resgata uma dívida ao preço de queixa inútil.

Se amigos desertaram, pense na árvore que, por vezes, necessita de poda, a fim de renovar a própria existência.

Se você possui na família um ninho de aflições, é forçoso anotar que o benefício da educação pede a base da escola.

Se sofreu prejuízos materiais, recorde que, em muitas ocasiões, a perda do anel é a defesa do braço.

Se alguém lhe ofendeu a dignidade, olvide ressentimentos, ponderando que a criatura de bom senso jamais enfeitaria a própria apresentação com uma lata de lixo.

Se a impaciência lhe marca os gestos habituais, acalme-se, observando que os pequeninos desesquilíbrios integram, por fim, as grandes perturbações.

Seja qual seja o seu problema, lembre-se de que toda mágoa é sombra destrutiva e de que sombra alguma consegue permanecer no coração que se acolhe ao trabalho, procurando servir.

DEUS ESPERA QUE AMES

Se tiveres um pouco de atenção e olhares em torno de ti, encontrarás os variados meneios da vida que se reportam ao amor do nosso Criador, em cada movimento.

Em toda parte a natureza está sempre oferecendo um pouco mais à vida, em homenagem ao Grande Pai, enquanto também se enriquece de luz, de cores e de harmonia.

Se de longe vires um canteiro, onde medram flores, alcançarás somente os matizes multicores das corolas; porém, se te aproximares sentirás que, quando beijadas pela brisa, as flores exalam benfazejos perfumes, dando um pouco mais em prol da beleza terrena.

Se olhares a exuberante queda d’água, que despenca da montanha, observarás apenas um soberbo espetáculo de força e vigor. Mas, se te acercares dessa catadupa, verás um risonho arco-íris que se desenha sobre as gotículas suspensas no ar, a fim de que, ao refletir os matizes da luz, possa ofertar um pouco mais em favor da beleza planetária.

Contemplas, ao longe, a neve que inspira friagem e desolação, na branca vastidão do inverno. Se, entanto, chegares mais perto, identificarás as miríades de cristais de formosíssimas estruturas, a refletir os raios do Sol, como pequenos brilhantes pingentes em qualquer lugar, no anseio de cooperar um pouco mais no embelezamento do mundo.

Se olhares o velho tronco de árvore, apodrecido pelo tempo e abandonado, terás à frente dos olhos tão-só um poleiro inusitado de múltiplas aves, no rumo de uma antiga cerca. Entretanto, se te avizinhares, registrarás o ninho aconchegante e bem arranjado que se abriga no oco vetusto, onde os filhotes piam, ensaiando o canto do futuro, a fim de tornar mais belas as paisagens terrestres.

Se, por entre ameaçadores zumbidos, o enxame de abelhas que se agita te deixa temeroso, não consegues te dar conta do que ocorre, de fato. Ao te aproximares, entretanto, encontrarás uma sociedade organizada, com os trabalhos devidamente distribuídos, sob instintivas ordem e obediência, gerando variados produtos para si mesma e para quem mais os possa utilizar, homens e animais, de modo a dar um pouco mais para a formosura do mundo.

Enfim, para onde te voltes, perceberás sempre o louvor que se estabelece em a natureza, dirigido ao nosso Deus.

Procura viver de tal maneira, coração amigo, que possas desmentir qualquer um que, por ver-te de longe, admita que és tão-só alguém à cata de atender às necessidades imediatas, que ajudam a manter o corpo, a espécie e as propriedades que adquiriste com esforços. Todavia, se já sabes o porquê de estares no mundo e o que te trouxe ao corpo carnal, novamente, saberás expressar, para quem se aproxime de ti, o anjo potencializado que és, por enquanto engolfado em árduas lutas humanas por brilhar e crescer, no rumo do Criador, de modo a dar beleza à vida que pulsa na Terra.

Deus quer que ames e que ofereças um pouco mais de ti à vida. Não te afugentes desse destino; não te negues a atender a esse anseio do nosso Pai Celestial. Vem, levanta-te e move-te para incrementar uma vida nova para ti; busca aprender sempre mais, a fim de mais te libertares das cadeias da ignorância; trabalha com afinco e alegria, para te tornares afinado instrumento nas mãos do Senhor, e ama, por fim, porque foste feito a Sua semelhança, e porque não deves mais deter o voo que te fará alcançar o teu próprio destino, destino de felicidade cujos fundamentos se acham no pulsar das constelações.





pelo Espírito Rosângela C. Lima - Mensagem psicografada por Raul Teixeira, em 06.03.2006, na Sociedade Espírita Fraternidade, Niterói-RJ. Do site: http://www.raulteixeira.com/mensagens.php?not=216.

VOZES DA VIDA

Ao homem que alegou perante os Céus
Que de nada dispunha para dar
Por sentir-se tão pobre quão sozinho,
O Senhor concedeu a benção de escutar
As migalhas e cousas do caminho!. . .

Disse-lhe um pão largado a um canto da sacola:
Dá-me a feliz esmola
De poder amparar!
Passaram hoje aqui dois pequenos sem nome. . .
Ah!. . . Quanto desejei arredá-los da fome!. . .

Para ajudar, porém, necessito, primeiro,
De tuas mãos, nobre companheiro,
porquanto, é lei de Deus, na exaltação do bem,
Que pessoa nenhuma
Possa melhor servir sem apoio de alguém. . .

Uma rosa a entreabrir-se, acetinada e bela,
Exclamou da janela:
O vento da manhã explicou-me que existe
Em vizinho hospital!
Uma jovem doente abandonada e triste,
Desejando uma flor. . .
Quero sair daqui
Para ofertar-lhe ao peito uma nota de amor
Mas para realizar o sonho
Em que, pobre de forças, me agasalho,
Tentando transformar-me em fé, simpatia e trabalho,
Nada posso sem ti!. . .

Um bloco de papel atirado ao relento
Rogou, a sacudir-lhe o pensamento:
Vem agora comigo,
O impulso de teu lápis não me cansa,
Anseio ser contigo
A carta mensageira de esperança!. . .

Antigo cobertor aposentado
Transmitiu-lhe um recado:
O irmão enfermo, em frente, pede caridade,
Não me conserves sem utilidade. . .
Devo entregar-lhe a paz contra a guerra do frio,
Para isso, porém, neste culto de amor,
A fim de que eu lhe dê o amparo do calor,
Tanto ao catre vazio
Quanto ao corpo cansado de exaustão,
Não te dispenso a colaboração. . .

Pequenina moeda ergueu a voz
E falou-lhe do bolso em que jazia:
Pobre mão de criança semimorta
Veio hoje e pediu socorro à porta. . .
Leva-me a trabalhar.
Suplico a Deus para que alguém me aceite,
Preciso converter-me em xícara de leite
Que nutra, reconforte
E arranque essa criança ao domínio da morte!. . .

O homem renovado
Aguçou a atenção e escutou, mais além. . .
Sementes, fruto, fontes,
Os legumes do vale e as árvores dos montes. . .
Tudo era aceno e voz para o convite ao bem!. . .
Integralmente transformado,
Ouvindo a natureza, em derredor,
Viu-se rico e feliz, firme, grande, maior,
E exclamou para os Céus,
Em júbilo profundo:
Obrigado, meu Deus,
O Dom de trabalhar é o tesouro do mundo,
Ensina-me a servir,
Sê louvado, Senhor,
Na grandeza da vida e na benção do amor!. . .





pelo Espírito Maria Dolores - Do livro: Encontro de Paz, Médium: Francisco Cândido Xavier.

A Natureza é assim... Deus nos ensina se soubermos estar atentos...

A Natureza é assim... Deus nos ensina se soubermos estar atentos...
"Espíritas! Amai-vos, eis o primeiro mandamento; Instruí-vos, eis o segundo."