"Acho que aos quinze anos sou um adolescente típico: às vezes alegre, outras mal-humorado, falante ou calado; não sei o que quero da vida, sou tratado como criança e ninguém me entende...
Sinto-me inseguro, confuso e faço coisas que me arrependo depois: brigo com meus irmãos, discuto com meus pais, me tranco no quarto. Acho que minha mãe tem razão quando diz que tenho maneiras engraçadas de querer compreensão e respeito.
Sei que não nasci nesta família por acaso... Outro dia disseram que pedi para nascer e que estou aqui para corrigir erros e aprender. Na verdade, acho que estamos todos no mesmo barco, uns ajudando os outros."
É na adolescência que se completa o processo reencarnatório e o espírito demonstra, a partir do livre arbítrio, as tendências e inclinações morais que traz de outras vidas, somadas às experiências da infância, buscando sua identidade como ser único que é.
Tratado às vezes como criança - que já não é mais - outras vezes como adulto - sem ter a maturidade emocional plena - o jovem sente-se inseguro e confuso em seus conceitos e atitudes. Adota, então, comportamentos de forma a chamar a atenção para si: isolamento, revolta contra o mundo, uso de álcool e drogas que são, muitas vezes, pedidos de auxílio neste período de encontros e desencontros consigo mesmo e com os outros.
A família é a grande educadora da criança e do adolescente. É no lar que o jovem deve encontrar exemplos de comportamento saudável e cristão, além de orientação, compreensão, limites (que são necessários, sim!), diálogo e amor. Aos pais, desde a mais tenra idade, é importante orar pelos filhos, irradiar-lhes simpatia, estimulá-los a obediência, às boas leituras, à amizade, além de exercer a autoridade com equilíbrio e amor.
O Espiritismo auxilia o adolescente nesta fase de autodescobrimento e auto-afirmação, pois esclarece que cada indivíduo é um espírito imortal; alerta para a Lei de Causa e Efeito e explica que cada nova encarnação é uma oportunidade preciosa de valorização, aprendizado e evolução do ser imortal. Responde a questões como: Quem sou eu? De onde vim? Para onde vou? Por que estou aqui? Por que a vida é assim?
Com o auxílio da família, dos amigos e de si mesmo, o adolescente deve canalizar suas energias em atividades sociais e individuais proveitosas, fazendo desse um período de crescimento físico, intelectual, mas também de construção e reafirmação de valores espirituais e morais edificantes que nortearão esta encarnação e serão incorporados à bagagem espiritual do ser imortal.
Publicado no periódico Seara Espírita nº 40, ano IV, março de 2002
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